NUROF-UFC em Boa Viagem (CE)!

I Semana de Ciência e Tecnologia do IFCE Campus Boa Viagem

Nesta semana, dia 25 de outubro, o NUROF-UFC marcou presença na I Semana de Ciência e Tecnologia, promovida pelo IFCE Campus Boa Viagem, do Ceará. O evento tinha como temática “Ciência e Sertão: Aplicações tecnológicas no cotidiano”. O convite foi feito pelo Professor Lincoln Gomes, que ministra a disciplina de Ecologia do Semiárido (FIGURA 01).

No stand do NUROF-UFC foram expostos anfíbios e répteis em geral, como serpentes, lagartos, anfisbenas e quelônios, conservados em álcool. Também foram expostos diversos pôsteres contendo informações gerais sobre a herpetofauna, como, por exemplo, sobre as famílias das serpentes.

Durante a noite, o stand do NUROF-UFC foi visitado por um público bastante diversificado, de populares a universitários, de todas as idades. Os visitantes demonstraram bastante empolgação e curiosidade, principalmente as crianças (FIGURA 02). Os curiosos visitantes perguntaram aos membros do NUROF-UFC sobre curiosidades e mitos relacionados à herpetofauna, principalmente serpentes, que se envolvem em diversos mitos e histórias no interior do estado (FIGURA 03). Nos foi informado que antes do começo do evento, o público já estava ansioso pela mostra dos animais, principalmente das serpentes. A empolgação do público foi tanta que muitos visitantes voltaram novamente acompanhados de amigos e familiares.

O stand do NUROF-UFC foi um sucesso! O NUROF-UFC agradece o convite e oportunidade de divulgar seu trabalho de educação ambiental e divulgação científica!

NUROF-UFC na I Semana de Ciência e Tecnologia do IFCE Campus Boa Viagem 1

Figura 01. Da esquerda para a direita, Eimar Moura, membro do NUROF-UFC, o professor Lincoln Gomes, e Bruno Guilhon, membro do NUROF-UFC, no stand do NUROF-UFC na I Semana de Ciência e Tecnologia do IFCE Campus Boa Viagem. Fotografia por Lincoln Gomes.

NUROF-UFC na I Semana de Ciência e Tecnologia do IFCE Campus Boa Viagem 2

Figura 02. O público estava bastante empolgado e curioso pela exposição do NUROF-UFC, principalmente as crianças! Fotografia por Lincoln Gomes.

NUROF-UFC na I Semana de Ciência e Tecnologia do IFCE Campus Boa Viagem 3

Figura 03. Membros do NUROF-UFC explicam sobre curiosidades e mitos relacionados à herpetofauna, muito presentes no interior do estado. Fotografia por Lincoln Gomes.

Texto escrito por Thaís Abreu, bolsista de extensão do NUROF-UFC.

Herpetoarte: Soneto dos Batráquios

O Blog do NUROF-UFC também é um lugar para a divulgação da arte relacionada à herpetologia!

O soneto a seguir foi escrito pela Patrícia Gondim, bióloga e doutoranda em Ecologia e Recursos Naturais pela Universidade Federal do Ceará.

Patrícia Gondim - Soneto dos batráquios

À noite à beira do açude em sangria
O coro dos batráquios sempre anuncia
Que no sertão a estiagem chegou ao fim
É o vigor da vida explodindo como festim

No ocaso aproxima-se a sinfônica orgia
Com suas ímpares vozes viris, da rã à gia
É hora do longo amplexo chegando enfim
Abraço complexo, sexo sem nexo é assim

Como peixes vivem girinos por uns meses
Viram sapinhos e desbravam novas terras
Príncipes não viram, mas há beleza neles

Verdes ou não, de cores mortais às vezes
Não importa se são cururus ou pererecas
Nobre missão deu a natureza a esses seres

Patrícia Gondim

 

Você também quer que sua herpetoarte seja divulgada pelo Blog do NUROF-UFC?
Entre em contato conosco através do email nurofextensao@gmail.com!

Notícia: Descoberta de sapos que não escutam o canto da sua espécie

Uma equipe de pesquisadores brasileiros, ingleses e dinamarqueses descobriram que dois sapos brasileiros são surdos para seu próprio canto (Figura 01).  Os sapos Brachycephalus ephippium e B. pitanga se mostraram insensíveis ao som de seu próprio canto. Os pesquisadores sugerem que esse fato inusitado ocorre por conta do desenvolvimento incompleto do ouvido interno dessas duas espécies (Figura 02), que as impede de escutar as altas frequências do seu canto. Os anuros tipicamente possuem seus ouvidos “sintonizados” para detectar a frequência dominante das vocalizações da sua própria espécie, o que permite que eles diferenciem o som do seu canto dos sons do ambiente e do canto de outras espécies.

Goutte et al. 2017 - B. pitanga

Figura 01. Fotografia presente no artigo original, mostrando a espécie Brachycephalus pitanga, uma das duas espécies de sapos que não escutam seu próprio canto. Fonte: Goutte et al., 2017.

O curioso é que o comportamento do canto é energeticamente custoso e ainda pode atrair predadores e parasitas, e mesmo assim, apesar de todas essas características, o comportamento se manteve nas duas espécies até hoje. Os pesquisadores supõem que o comportamento de cantar tenha permanecido por causa de aspectos visuais do canto, como o movimento dos sacos vocais. Essa hipótese é sustentada pelos hábitos diurnos, cores vibrantes e certos comportamentos visuais desses anuros. A presença de cores vibrantes é indicativa de que o animal possui toxinas, sendo essa coloração de advertência chamada de “aposematismo”. Realmente, esses dois anuros possuem substâncias altamente tóxicas em sua pele e órgãos internos, e é por isso que os sapinhos são menos predados, mesmo chamando tanta atenção por causa do seu canto. Logo, o fato de os sapos cantarem não irá trazer grandes problemas assim, e o comportamento de cantar se mantém evolutivamente, através da inércia evolutiva.

Goutte et al. 2017 - Estrutura Ouvido

Figura 02. Figura presente no artigo original, mostrando as estruturas do ouvido médio em sapos “com” ouvido (a) e “sem” ouvido (b). Fonte: Goutte et al., 2017.

Os pesquisadores supõem que a perda das estruturas do ouvido interno desses sapos possa ter sido resultado de mutações genéticas e deriva gênica, ou resultado da seleção de outros traços na espécie, como a hiperossificação do crânio presente em ambas as espécies, que afetaram o desenvolvimento do seu ouvido. Eles também suspeitam que a espécie possa se comunicar através de sinais químicos, assim como outros anuros sem ouvido, mas isso é algo que ainda precisa ser estudado.

A descoberta da comunicação singular desses dois sapos forneceu informações importantes  para os estudos sobre a evolução e degeneração da comunicação acústica nos vertebrados, contribuindo, assim, com o estudo da comunicação animal.

Texto escrito por Thaís Abreu, bolsista de extensão do NUROF-UFC.

 

REFERÊNCIAS

GOUTTE, S.; MASON, M. J.; CHRISTENSEN-DALSGAARD, J.; MONTEALEGRE-Z, F.; CHIVERS, B. D.; SARRIA-S, F.; ANTONIAZZI, M. M.; JARED, C.; SATO, L. A.; TOLEDO, L. F. Evidence of auditory insensitivity to vocalization frequencies in two frogs. Scientific Reports, v. 7, p. 1-10, 2017. Disponível em: <https://www.nature.com/articles/s41598-017-12145-5 >.

Bebês a bordo: Conheça os mais novos integrantes do NUROF-UFC!

Nessa sexta-feira (29/09), nasceram mais 3 integrantes do NUROF-UFC (Figura 01). Estes são filhotes do cágado conhecido como Muçuã (Kinosternon scorpioides). Os cágados são quelônios de hábito predominantemente aquático de água doce, diferentemente das tartarugas, que são exclusivamente marinhas, e dos jabutis, que são exclusivamente terrestres (Saiba mais um pouco sobre eles aqui).

Castiele Holanda - Muçuãs Filhotes (Kinosternon scorpioides)

Figura 01. Os mais novos 3 integrantes do NUROF-UFC são lindos cágados da espécie Kinosternon scorpioides, conhecidos popularmente como Muçuã. Autora: Castiele Holanda.

Uma curiosidade sobre esses animais é que seu gênero, de nome “Kinosternon”, é derivado da palavra grega “kinetos”, que significa “móvel”, e “sternon”, que significa “peito”, em referência às “dobradiças” presentes em seu plastrão. Já seu epíteto específico, “scorpioides”, é derivado do latim “scorpio”, provavelmente em referência ao espinho córneo no final da sua cauda. Juntando com o final “oides”, “scorpioides” tem como tradução completa “similar a um escorpião”1 apud 2.

Em cativeiro, os Muçuãs se acasalam de Abril a Agosto, e a postura de ovos ocorre de Maio a Setembro, com a postura de 1 a 7 ovos de formato alongado (Figura 02). O período de incubação de seus ovos varia de 111 a 164 dias3. Os três filhotes serão analisados semanalmente para que seu desenvolvimento seja acompanhado. Ainda não se sabe seu sexo, pois os caracteres sexuais dos cágados aparecem apenas em torno de seus 22 meses de idade3.

Castiele Holanda - Muçuã Filhote (Kinosternon scorpioides)

Figura 02. Filhote recém-nascido de Muçuã, Kinosternon scorpioides, dentro de seu ovo. Autora: Castiele Holanda.

Os interessados podem conhecer os filhotes marcando uma visita ao NUROF-UFC, através do email nurofextensao@gmail.com .

Que nomes os três cágados devem receber? Os nomes que você sugerir podem ser os escolhidos!

Texto escrito por  Thaís Abreu e Bruno Guilhon, membros do NUROF-UFC.

 

REFERÊNCIAS

1 DIXON, J. R.; LEMOS-ESPINAL, J. A. Amphibians and reptiles of the state of Queretaro, Mexico. Tlalnepantla UNAM, 2010.

2 The Reptile Database. Kinosternon scorpioides (LINNAEUS, 1766). Disponível em: <http://reptile-database.reptarium.cz/species?genus=Kinosternon&species=scorpioides >.

3 CASTRO, A. B. Biologia reprodutiva e crescimento do muçuã Kinosternon scorpioides (Linnaeus, 1776) em cativeiro. 2006. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Pará. Disponível em: <http://repositorio.ufpa.br/jspui/bitstream/2011/5547/1/Dissertacao_BiologiaReprodutivaCrescimento.pdf >.