Notícia: Extinção de dinossauros foi súbita, reforça novo estudo

Análise de fósseis do período Cretáceo indica que saurópodes mantiveram sua diversidade até a extinção

Extinção de dinossauros foi súbita, mostra pesquisa com saurópodes Foto: (Corey Ford/Getty Images/Hermera), disponível em: http://migre.me/a73ny

A análise de fósseis de dinossauros encontrados nas montanhas dos Pirineus, na fronteira entre França e Espanha, reforça a hipótese de que a extinção destes animais foi repentina e ocorreu, provavelmente, como consequência do impacto de um asteroide sobre a Terra. O estudo foi publicado na revista científica Paleo 3.

A pesquisa foi feita em fósseis do fêmur de saurópodes, dinossauros herbívoros de cauda e pescoço longos, que andavam sobre as quatro patas. Na época da extinção – no fim do período Cretáceo, há 65 milhões de anos –, a região dos Pirineus fazia parte da chamada Ilha Ibero-Armoricana, um antigo arquipélago que existiu no sul da Europa.

O resultado da análise desses fósseis mostra que esses saurópodes mantiveram sua diversidade até a extinção, o que indica que ela ocorreu de forma repentina e não gradual.

Fóssil do Cretáceo – O estudo foi feito por especialistas espanhóis da Universidade de Zaragoza e da Universidade Autônoma de Barcelona, junto com cientistas franceses e italianos.

Segundo eles, essa é a análise mais exaustiva já feita em fósseis do período Cretáceo porque há poucos lugares no mundo com um registro fóssil de dinossauros que coincide com esta época.

A maior parte da informação registrada até agora se baseava no abundante e bem conhecido registro fóssil de dinossauros do oeste da América do Norte, enquanto o que tinha acontecido no resto do planeta era bastante desconhecido.

Fonte: veja.abril.com.br

Nota: A Equipe do Blog do Nurof-UFC modificou o ”subtítulo”  original da notícia com intuito de torná-lo mais claro e informativo.

O raro e pouco conhecido Calango-Liso da Caatinga: Diploglossus lessonae

Entre as diversas espécies de lagartos da Caatinga existe uma particularmente bela, popularmente chamada de Calango-Liso ou Calango-Coral (Figura 1). Este animal, cientificamente denominado Diploglossus lessonae, pode atingir cerca de 30 cm de comprimento e é principalmente conhecido por sua típica forma do corpo (cilíndrico, alongado, com membros muito pequenos) e coloração chamativa (listrado de branco e preto).

Figura 1. Indivíduo jovem de Calango-Liso (Diploglossus lessonae), evidenciando o padrão de coloração listrado de preto e branco. Fotografia de Daniel Passos.

Já havíamos falado um pouco sobre Diploglossus lessonae no blog do NUROF-UFC, a respeito de uma crença que lhe é atribuída, que reza sobre a transformação deste lagarto em serpente quando adulto (reveja em: Lagartos peçonhentos (Lagartos venenosos no Brasil?)). No entanto, nesta postagem conheceremos um pouco mais sobre a biologia deste lagarto incrível!

Como o título menciona, esta espécie é rara em vários locais onde habita e talvez por isso sua biologia seja tão pouco compreendida. Neste sentido, são poucos os trabalhos especificamente relacionados à biologia de Diploglossus lessonae e muitos aspectos de sua história natural permanecem desconhecidos.

Sabe-se que este lagarto é terrícola e semi-fossorial, podendo ser encontrado forrageando sobre o solo ou escavando no sub-solo a até 2 m de profundidade (Vanzolini, 1972). Esta espécie ovípara se reproduz somente uma vez por ano, na estação seca, com uma ninhada de 1 a 7 ovos (Vitt, 1985). Quanto a sua alimentação, até pouco tempo achava-se que sua dieta era prioritariamente constituída de aranhas, opiliões e escorpiões (Vitt, 1985; Vitt, 1995), entretanto a equipe do NUROF-UFC descobriu, recentemente, que este lagarto se alimenta também de formigas e baratas (Passos et al., 2011).

Figura 2. Indivíduo jovem (acima) e adulto (abaixo) de Calango-Liso (Diploglossus lessonae), demonstrando a diferença de coloração ocorrida ao longo da vida. Fotografias de Daniel Passos e Luan Pinheiro.

Além disso, hoje sabemos que, quando jovem, este lagarto mimetiza (imita) uma espécie de artrópode, o milípede Rhinocricus albidolimbatus (Myriapoda: Diplopoda) (Vitt 1992). Com este comportamento, o Calango-Liso beneficia-se da impalatabilidade (gosto ruim) do artrópode e deixa de ser predado por animais que não se alimentam do milípede. A semelhança entre estes animais se dá justamente devido a suas semelhanças em forma e coloração corpórea, ambos sendo cilíndricos, alongados e com coloração de listras pretas e brancas. Vale ressaltar que apenas os indivíduos juvenis de Diploglossus lessonae apresentam este evidente padrão de coloração listrado, que vai lentamente sendo perdido ao longo do crescimento corpóreo (Figura 2).

Espero ter ajudado aos caros leitores a conhecerem um pouco sobre a biologia de mais um maravilhoso lagarto da Caatinga. Até a próxima!

Por: Daniel Passos, membro do NUROF-UFC

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PASSOS, D. C.; ZANCHI, D.; BORGES-NOJOSA, D. M. 2011. Diploglossus lessonae (Brazilian Galliwasp) Diet. Herpetological Review, 42:94.

VANZOLINI, P. E. Miscelaneus notes on the ecology of some brazilian lizards (Sauria). Papéis Avulsos de Zoologia, 26:83-115.

VITT, L. J. 1985. On the biology of the little known anguid lizard Diploglossus lessonae in northeast Brazil.Papéis Avulsos de Zoologia, 36:69-76.

VITT, L. J. 1992. Lizards mimics millipede. National Geographic Research and Exploration, 8:76-95.

VITT, L. J. 1995. The ecology of tropical lizards in the Caatinga of Northeast Brazil. Occasional papers of the Oklahoma museum of natural history, 1:1-29.

Notícia: PETA quer que encantadores de serpentes usem répteis falsos

ONG denunciou que as serpentes costumam ser maltratadas no Naag Panchami, festival hindu em homenagem à espécie que é celebrado em vários pontos do país

Naja indiana (Naja naja). Foto: Kamalnv via Wikimedia Commons.

Nova Délhi – A organização internacional protetora de animais PETA pediu nesta sexta-feira aos encantadores de serpentes da Índia que utilizem répteis de mentira em suas atuações em um festival que começará na semana que vem.

Em comunicado, a ONG denunciou que as serpentes costumam ser maltratadas no Naag Panchami, festival hindu em homenagem à espécie que é celebrado em vários pontos do país.

”Não há lugar em uma sociedade civilizada para se arrancar os dentes das serpentes ou costurar suas bocas”, criticou o coordenador da PETA na Índia, Chani Singh (Leia: Por quê as serpentes sobem quando tocam flautas?).

Segundo a organização, os encantadores também obrigam frequentemente os répteis a beber leite, o que provoca desidratação e às vezes leva a morte dos animais semanas depois. Além disso, as glândulas que carregam o veneno da serpente são perfuradas com uma agulha quente.

A PETA fez um pedido para a instituição que representa os encantadores na Índia para que sejam utilizados répteis falsos. ”Nós não caçamos serpentes nem organizamos o festival. Somos contra da crueldade”, disse à Agência Efe o porta-voz da instituição, Sandeep Mukherjee.

Leia a notícia completa acessando: exame.abril.com.br

Notícia: Brasil tenta repatriar fóssil pela primeira vez

Tartaruga gigante descoberta na Chapada do Araripe, e levada ao Japão, pode se tornar o primeiro caso de um fóssil devolvido por instituição estrangeira.

File:Fóssil de pterossauro, Museu de Paleontologia da URCA.jpg

Este é o exemplo de um fóssil em bom estado de preservação: achados são considerados bens da União e não podem ser comercializados. Foto: Allan Patrick via Wikimedia Commons.

 

A Procuradoria da República em Juazeiro do Norte (Ceará) tenta conseguir pela primeira vez a repatriação de um fóssil brasileiro. Estão na mira do Ministério Público uma tartaruga gigante que está no Japão e fósseis de pterossauros que foram parar nos Estados Unidos, Itália e Alemanha.

O fóssil da tartaruga gigante é especialmente relevante. A Santanachelys gaffneyi foi encontrada em Santana do Cariri, na Chapada do Araripe (CE), e descrita em 1998 pelo professor de geologia Ren Hirayama, da Universidade Teikyo Heisei, no Japão. O fóssil é o único exemplar da espécie, segundo o Ministério Público.

Fósseis são considerados bens da União e não podem ser comercializados. Mas o país nunca conseguiu reaver peças levadas ao exterior. A tartaruga pode ser o primeiro caso de sucesso.

Segundo o procurador Rafael Rayol, responsável pelo pedido de repatriação, o Japão já sinalizou que pretende devolver o fóssil, embora ainda não tenha formalizado sua resposta. “Os processos da Itália e Estados Unidos também estão avançados, com aparente disposição das autoridades a devolver os exemplares”, diz Rayol. Já a Alemanha, onde um museu guarda a mandíbula de um pterossauro gigante, o Lacusovagus magnificens, afirmou que não vai devolver a peça porque não tem um tratado específico para a extradição de fósseis para o Brasil.

Entrevista

Rafael Rayon
Procurador da República no Ceará


Por que tantos fósseis brasileiros vão parar no exterior?

O tráfico de fósseis é um problema muito sério . A região de Cariri (CE), onde fica Juazeiro do Norte, é repleta desses exemplares, e há diversos relatos de estrangeiros que vêm para o Brasil estudar os fósseis e acabam levando consigo indevidamente esse patrimônio, que é de responsabilidade da União.

Para ver a entrevista completa acesse: http://twixar.com/gV

Répteis: Dinossauros, Lagartos, Serpentes, Tartarugas, Crocodilos e … e … e … Aves?

Apesar da confusão que parece, a ideia central é super simples: Aves são répteis! Mas espera aí? Aves não são… aves? Tipo, passarinho, pena, voo e esse tipo de coisa? Sim! Mas nem por isso deixam de ser répteis! Vamos lá tentar explicar.

A verdadeira confusão está no fato que, a forma em que identificamos e classificamos os organismos (conhecido como sistemática), mudou várias vezes durante os anos. O termo “réptil” que temos na nossa mente são aqueles organismos com escamas e que precisam de calor pra se aquecer (ectotermia), alguns com cascos (tartarugas, cágados e jabutis), alguns sem patas (serpentes e alguns lagartos) e por aí vai (Fig. 1).

Figura 1: “Calango” Tropidurus hispidus em sua posição típica. Arquivo pessoal Heideger Nascimento

Pois bem, não é de hoje que esse termo está cientificamente em desuso. Não totalmente, dado a maneira simples de se trabalhar e o uso no cotidiano, mas na sistemática que temos hoje, o termo “réptil” abrange também as aves. Esse “réptil” que temos em mente pertence a uma antiga classificação que foi proposta por Carolus Linnaeus (Carol Lineu ou somente “Lineu”) em 1735 no seu trabalho intitulado “Systema naturae” onde ele propunha o agrupamento dos seres vivos de acordo com suas características como a morfologia externa. Por conta disso, “répteis” e aves ficaram em grupos separados, por serem – a princípio – visualmente bem diferentes.

Figura 2: Cladograma filogenético mostrando a posição das aves dentro de reptília. “Filogenia como base para a investigação da diversidade biológica; http://biofecunda.files.wordpress.com/2008/10/reptilia.jpg, acessado em 02/06/2012”

Hoje, de acordo com a classificação filogenética, tartarugas (e seus similares), crocodilos, lagartos, dinossauros (e seus similares), serpentes e as Aves(!) compartilham o mesmo ancestral basal em comum: Reptilia! (Fig. 2). Com base nas aves viventes é difícil se perceber isso, pois muito tempo se passou desde que divergiram do ancestral, daí muitas especializações mascaram esse parentesco, entretanto, se você observar bem o Archaepteryx lithographica (Fig. 3), um fóssil do período Jurássico do que hoje é a Alemanha, conhecido com “a primeira ave”, notará várias semelhanças para com os répteis como a presença de dentes, a cauda longa com várias vértebras, duas fenestrações (orifícios) no crânio na região atrás do olho, pescoço em “S” (presente nos dinossauros), dentre outras características. O famoso Thomas Huxley (1825-1895), já havia dito bem antes que as aves eram “répteis glorificados”, pela incrível semelhança e o fato de voarem. O voo por si já havia aparecido antes no pterossauros! E hoje acredita-se que as penas tenham surgido a partir de uma modificação das escamas! Incrível não?

Figura 3: Foto do fóssil de Archaeopteryx lithographica. “Mesosoic Era; http://www.lvmnh.org/6.html, acessado em 02/06/2012”

Pois bem, ainda vai precisar de bastante tempo até que isso – ave ser réptil – venha a ser uma concepção geral, uma vez que a classificação proposta por Lineu serviu historicamente por vários anos e por isso permitiu fixar-se até hoje os dias atuais. Todavia, essa concepção filogenética já é factual e bem esclarecida cientificamente. Talvez o fato de afirmarmos que o grupo vivente mais próximo às aves são os crocodilos, ou mesmo que as aves nada mais são que dinossauros voadores, seja ainda uma afirmação ainda mais bombástica!

Mas isso é uma conversa para outro post,  por hoje já está de bom tamanho. Espero que tenham gostado.

Até a próxima,

Abraços.

Por:  Heideger L. do Nascimento

Mestrando em Ecologia e Evolução – UERJ

Laboratório de Ecologia de Aves – IBRAG/UERJ