Notícia: Instituto Butantan inaugura prédio de coleções zoológicas

Novo edifício é o mais moderno e seguro da América Latina

Inaugurado em 1901, o Butantan é um dos principais institutos responsáveis pela produção de soros e vacinas do Brasil. No entanto, acabou se tornando um importante ponto turístico da cidade de São Paulo que chega a receber 300.000 pessoas por ano. Uma das principais atrações é o Museu Biológico, no qual podem ser observados artrópodes, répteis e anfíbios, como também o Serpentário do local.

O museu: 300.000 visitantes por ano (Foto: Renato Nascimento )

O museu: 300.000 visitantes por ano (Foto: Renato Nascimento ). Fonte: vejasp.abril.com.br

Mas em 15 de maio de 2010, em decorrência do superaquecimento de um aparelho no edifício das coleções, ocorreu um incêndio que acabou destruindo aproximadamente 500.000 espécimes conservados em álcool. Cinco ex-funcionários do Instituto foram denunciados pelo Ministério Público por imprudência e negligência em janeiro deste ano.

FOTO: Cena da destruição causada pelo incêndio no interior do prédio, em 15 de maio de 2010. Crédito: Marcio Fernandes/Estadão

FOTO: Como era a coleção no prédio antigo, em foto de 2009, antes da instalação de armários compactadores, feita no início de 2010 (pouco antes do incêndio). Crédito: Marcelo Duarte. Fonte: blogs.estadao.com.br

FOTO: Cena da destruição causada pelo incêndio no interior do prédio, em 15 de maio de 2010. Crédito: Márcio Fernandes/Estadão. Fonte: blogs.estadao.com.br

FOTO: Cena da destruição causada pelo incêndio no interior do prédio, em 15 de maio de 2010. Crédito: Márcio Fernandes/Estadão. Fonte: blogs.estadao.com.br

Mesmo após este evento, as visitas e parte das pesquisas continuaram normalmente. A reconstrução de um novo edifício e a recuperação da coleção demandaram certo tempo para serem concluídos. Finalmente no último dia 24 de setembro foi inaugurado o prédio destinado às coleções. Com investimento de 5,5 milhões de reais, quase a metade foi utilizada na segurança. O prédio possui dois pavimentos com área total de 1600 metros², no primeiro ficará os animais, distribuídos em sete salas, e no segundo os laboratórios. A coleção deverá ter aproximadamente um milhão de espécimes. Um dos diferenciais do prédio é o moderno sistema de segurança para prevenção de incêndios através do gás FM 200, que absorve o calor e reduz o fogo em até 10 segundos. Além de ser ambientalmente aceito e não prejudicial ao ser humano e ao acervo, o gás não deixa resíduos e resinas nos materiais. Além disso, o local conta com um sistema de escoamento de álcool e demais líquidos, levando-os em questão de minutos para uma caixa subterrânea, externa ao prédio.

FOTO: Parte externa do novo prédio que vai abrigar as coleções. Crédito: Herton Escobar/Estadão. Fonte: blogs.estadao.com.br

FOTO: Parte externa do novo prédio que vai abrigar as coleções. Crédito: Herton Escobar/Estadão. Fonte: blogs.estadao.com.br

FOTO: Detalhe das estantes deslizantes onde os espécimes da coleção são guardados na nova coleção do Instituto. Foto: Edson Lopes Jr. Fonte: Portal do Governo do Estado de São Paulo.

FOTO: Detalhe dos armários compactadores onde os espécimes são guardados na nova coleção do Instituto. Foto: Edson Lopes Jr. Fonte: Portal do Governo do Estado de São Paulo.

O prédio tem ainda um espaço para a digitalização de todo o acervo do instituto, que está sendo disponibilizado para consulta no site. Duas coleções já estão disponíveis (ácaros e opiliões); na sequência, será digitalizada a coleções de serpentes. A estimativa do instituto é que, em dois anos, toda a informação esteja on-line.

Confira a notícia também através da reportagem exibida pelo SPTV 1ª Edição em 24 de setembro.

Quer saber um pouco mais sobre coleções científicas? Então confira estes textos: Histórico das Coleções Zoológicas / Herpetológicas e Coleções Científicas

Sintetizado a partir de notícias disponíveis em: Veja São Paulo, Portal do governo do Estado de São Paulo e Folha de São Paulo, e algumas imagens retiradas de: Estadão/Blogs, com os devidos créditos às fotografias, as demais fotos foras retiradas dos sites anteriormente citados.

Recentes contribuições à biologia do calango-de-lajeiro Tropidurus jaguaribanus

Uma pesquisa recém-publicada pela equipe do NUROF-UFC trouxe à tona importantes contribuições sobre a biologia do calango-de-lajeiro Tropidurus jaguaribanus (Figura 1), a maior espécie do grupo, descrita para o estado do Ceará em 2011 (Passos et al., 2011). Neste novo trabalho, os pesquisadores investigaram aspectos da biologia reprodutiva do lagarto, descrevendo o tamanho das suas ninhadas, o tempo de incubação dos ovos e detalhes sobre a morfologia dos neonatos.

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Figura 1. Espécime adulto do calango-de-lajeiro, Tropidurus jaguaribanus. Fotografia de Daniel Passos.

Segundo o trabalho, similarmente às demais espécies de calangos-de-lajeiro (Tropidurus gr. semitaeniatus), Tropidurus jaguaribanus põe apenas dois ovos por ninhada (Figura 2) e esse caráter pode estar relacionado aos hábitos saxícolas do grupo (Vitt, 1981; Passos et al., 2013). O tempo de incubação dos ovos dura entre 75 e 90 dias e os filhotes nascem com pouco mais de uma polegada de comprimento (Passos et al., 2013).

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Figura 2. Ninhada de Tropidurus jaguaribanus. Fotografia de Daniel Passos.

A contribuição mais importante do trabalho, entretanto, vem do padrão de coloração dos filhotes (Figura 3). Os autores observaram que a coloração típica de Tropidurus jaguaribanus (uma única listra clara, dorsal, longitudinal, que se estende do focinho à escápula) está presente desde o nascimento nos indivíduos desta espécie (Passos et al., 2013). Assim, esta descoberta demonstra que o padrão de coloração específico está presente desde os estágios iniciais do desenvolvimento, permitindo a identificação acurada da espécie mesmo entre indivíduos jovens, além de reforçar o uso desta característica cromática como um caráter diagnóstico entre os lagartos Tropidurus do grupo semitaeniatus, vulgarmente conhecidos como calangos-de-lajeiro.

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Figura 3. Indivíduo jovem de Tropidurus jaguaribanus, evidenciando o padrão de coloração típico da espécie. Fotografia de Daniel Passos.

O trabalho pode ser adquirido na íntegra através do site da Sociedade Britânica de Herpetologia: http://www.thebhs.org/index.html ou, gratuitamente, por solicitação enviada ao e-mail do autor Daniel Passos: biologodanielpassos@gmail.com.

Para quem tem interesse em mais informações sobre Tropidurus jaguaribanus, leia estas outras postagens do blog do NUROF-UFC: (“Nova espécie de lagarto é descoberta no sertão cearense” e “A importância da descoberta de uma nova espécie de lagarto para Caatinga”).

Por: Daniel Passos, membro do NUROF-UFC

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

PASSOS, D. C.; LIMA, D. C. & BORGES-NOJOSA, D. M. B. 2011. A new species of Tropidurus (Squamata, Tropiduridae) of the semitaeniatus group from a semiarid area in Northeastern Brazil. Zootaxa, 2930: 60–68.

PASSOS, D. C.; LIMA, D. C. & BORGES-NOJOSA, D. M. B. 2013. Clutch size, incubation time and hatchling morphometry of the largest known Tropidurus of the semitaeniatus group (Squamata, Tropiduridae), in a semi-arid area from northeastern Brazil. Herpetological Bulletin, 123: 23-25.

VITT, L. J. 1981. Lizard reproduction: Habitat specificity and constraints on relative clutch mass. American Naturalist, 117: 506-514.

Notícia: Chinesa é mordida por cobra guardada em garrafa de vinho

O Ano da Serpente trouxe azar para uma mulher no norte da China, que recebeu tratamento hospitalar depois de abrir uma garrafa de vinho contendo uma serpente que de repente pulou e mordeu sua mão.

Figura 1: Garrafas com serpentes imersas em álcool. Fonte: principiantesdosvinhos.blogspot

Figura 1: Garrafas com serpentes imersas em álcool. Fonte: principiantesdosvinhos.blogspot

O ataque ocorreu após a mulher de sobrenome Liu que mora em Shuangcheng, na província de Heilongjiang, decidiu acrescentar mais álcool à garrafa quando a serpente, que ela tinha comprado ainda viva em junho deste ano e até então mantida em conserva, acabou despertando e atacando sua mão.

Liu recebeu tratamento em um hospital local para a inflamação, explicando que ela bebeu vinho de cobra regularmente para curar seu reumatismo. Vinhos contendo serpentes preservadas que provavelmente possui propriedades medicinais são comuns na China.

Um caso semelhante envolvendo uma ressurreição de serpente ocorreu em 2009, quando a Província de Hubei, morador de sobrenome Zhang foi atacado dois meses depois que ele comprou uma bebida similar. Zhang não foi gravemente ferido, ao contrário de um morador de Guangxi Zhuang, Região Autónoma, que em abril de 2001 morreu um dia depois de ser mordido por uma cobra preservada em vinho.

Fontes: http://heilongjiang.dbw.cnhttp://www.globaltimes.cn/

Nota do Blog: Nos últimos dias esta notícia tem sido veiculada aqui no Brasil sobre a provável  ocorrência de acidente ofídico na China envolvendo o consumo de “vinho de cobra”. Esta bebida é bastante comum naquele país, sendo utilizada como remédio para várias doenças, inclusive no tratamento do câncer. Afirma-se também que a peçonha da serpente amplia essas propriedades medicinais.

Porém vem a pergunta: Será que isso é possível? Bom, não podemos afirmar nem negar esse fato, pois não existem estudos que confirmem a resistência desses animais ao álcool. Mas podemos citar alguns fatores que corroboram ou não este fato.

Um desses fatores seria a desidratação. O contato com o álcool pode causar uma grande desidratação no animal. As regiões de maior absorção, e perda, de líquido das serpentes são a boca e a cloaca, em decorrência da maior vascularização destes tecidos. Então, se essas áreas entrassem em contato com o álcool, essa serpente poderia ter perdido muita água. No entanto, a pele desses animais é muito queratinizada diminuindo a perda de água pelas serpentes. Também, muitos répteis possuem a capacidade de diminuir o metabolismo e entrarem em estado torpor.

Pois bem, não podemos afirmar nem negar a veracidade desta notícia. Portanto gostaríamos de saber a sua opinião sobre este fato.

Obrigado!

Répteis como animais de estimação: dificuldades e problemas

Por serem silenciosos, os répteis parecem ser os animais de estimação ideais para muitas pessoas que moram em apartamentos ou em casas pequenas. Jabutis (Chelonoidis carbonaria, principalmente), iguanas (Iguana iguana), teiús (Salvator merianae) e jiboias (Boa constrictor) (Figura 1) são criados em muitas residências como pets. Entretanto, é importante refletir sobre os cuidados requeridos por esses animais.

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Figura 01. Filhote de jiboia (Boa constrictor) mantida em cativeiro. Fotografia de Diego de Oliveira Soares

Os répteis, assim como todos os outros animais, necessitam de assistência para poderem crescer saudavelmente em cativeiro. Cuidados com a alimentação, com o espaço onde vivem e com a saúde não podem ser negligenciados. Em relação à alimentação, não existem muitas rações industrializadas com todas as vitaminas e nutrientes que esses animais precisam. Desse modo, é muito comum ocorrer problemas de saúde devido a falhas na dieta. Paranzini et al. (2008) listam vários distúrbios nutricionais encontrados em répteis criados em cativeiro. Dentre os mais comuns citados pelos autores, destacam-se problemas na ingestão e no metabolismo de cálcio, que causa deformações no casco dos quelônios (Figura 2) e aumento da fragilidade nos ossos longos de iguanas; a anorexia, causada pelo stress do cativeiro ou por doenças adicionais; hipovitaminose A, a qual causa inchaços nos olhos desses animais; obesidade, dentre outros. Recintos inadequados, sem acesso à luz solar, também reduzem o crescimento desses animais e causam problemas no metabolismo da vitamina D, diminuindo o aproveitamento do cálcio da dieta (MADER, 2007). Quanto aos cuidados com a saúde dos répteis de estimação, pode-se identificar um problema simples logo de início: Quantos veterinários vocês conhecem que realmente sabem cuidar desses animais? Poucos profissionais da veterinária conhecem a biologia e as doenças que podem atingir os répteis. Desse modo, quando ficam doentes, é muito difícil encontrar alguém com experiência para socorrê-los.

Indivíduo de Chelonoidis carbonaria (Jabuti) alimentando-se. Notar a presença de pequenas deformações nos escudos da carapaça, os quais apresentam formas semelhantes a pequenas pirâmides (problema conhecido como piramidismo). Fotografia de João Fabrício Mota Rodrigues.

Figura 2. Indivíduo de Chelonoidis carbonaria (Jabuti) alimentando-se. Notar a presença de pequenas deformações nos escudos da carapaça, os quais apresentam formas semelhantes a pequenas pirâmides (problema conhecido como piramidismo). Fotografia de João Fabrício Mota Rodrigues.

Outro problema de criar um réptil é a origem do animal. Normalmente, eles são comprados em feiras clandestinas, de vendedores que os retiraram ilegalmente da natureza. Assim, é comum adquirir-se um animal estressado e machucado pelo transporte inadequado a que foi submetido, o qual poderá morrer em pouco tempo devido a lesões internas ou mesmo por, simplesmente, não querer comer (RENCTAS, 2001). Também convém lembrar que comprar répteis ilegalmente é um incentivo ao tráfico de animais silvestres, afinal não existiria um produto se não houvesse quem o comprasse. Portanto, caso desejem criar um réptil, procurem o IBAMA para obter contatos de vendedores legalizados, os quais possuem animais nascidos em cativeiro, microchipados e com cuidados veterinários.

Por fim, é importante ressaltar que criar qualquer animal é uma grande responsabilidade e que, em alguns anos, aquele pequeno animalzinho que você escolheu criar pode se transformar em um grande problema, o qual vai demandar muito mais espaço e comida. Souza et al. (2007) destacam que a principal causa da entrega de répteis por seus criadores aos órgãos do governo é a perda de interesse em criá-los. Então, antes de procurar um local para adquirir um réptil como animal de estimação, deve-se pesquisar e refletir sobre a dieta do animal, tamanho que ele atingirá quando adulto, tempo de vida, doenças associadas, espaço requerido, dentre outras informações. Se após essas considerações, você se considerar apto a assumir essa responsabilidade, procure um vendedor legalizado e boa sorte nessa jornada.

Por: João Fabrício Mota Rodrigues, membro do NUROF-UFC

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

MADER, D. R. Reptile medicine and surgery. Philadelphia: WB Saunders Company, 2007. 1242p.

PARANZINI, C. S.; TEIXEIRA, V. N.; TRAPP, S. N. Principais distúrbios nutricionais encontrados em répteis cativos – Revisão Bibliográfica. UNOPAR Científica, Ciências Biológicas e Saúde, v. 10, n. 2, p. 29-38, 2008.

RENCTAS. 1° Relatório Nacional obre o Tráfico de Fauna Silvestre. 2001. Disponível em: <www.renctas.org.br>. Acesso em: 23 Mar. 2013.

SOUZA, V. L.; SANTOS, T. M.; PEÑA, A. P.; LUZ, V. L. F.; REIS, I. J. dos. Caracterização dos répteis descartados por mantenedores particulares entregues ao Centro de Conservação e Manejo de Répteis e Anfíbios – RAN. Revista Biologia Neotropical, v. 4, n. 2, p. 149-160, 2007.

Clipagem: No embalo da boicininga

Leiam esse texto muito interessante do biólogo Henrique Caldeira Costa na Ciência Hoje das Crianças falando um pouco sobre os vários nomes da famosa Cascavél.

Conheça os muitos nomes de uma famosa espécie de serpente brasileira

Responda rápido: que serpente possui um chocalho na ponta da cauda? Se você disse cascavel, acertou em cheio. Mas você sabia que os povos indígenas deram a essa espécie outros nomes?

Alguns povos que falavam línguas de origem tupi e guarani chamavam a cascavel de boicininga, que significa “cobra que tine”, ou seja, que faz barulho. Outros preferiram boiquira, a “cobra gorda”. E que tal maracamboia, que quer dizer “cobra de chocalho”? De região para região, surgem também variações dessas palavras, como boicinungaboiçuningaboiçununga maracaboia.

Leia o texto completo em: chc.cienciahoje.uol.com.br

A origem mitológica das tartarugas – A ninfa Quelone

De acordo com a mitologia Greco-romana, as tartarugas que hoje conhecemos vieram ao mundo como uma forma de castigo à Quelone, uma ninfa miseravelmente preguiçosa.  Acompanhe abaixo a história.

Figura 1. Jovem de tartaruga cabeçuda (Caretta caretta). Fotografia de Daniel Passos.

Figura 1. Jovem de tartaruga cabeçuda (Caretta caretta). Fotografia de Daniel Passos.

Era casamento de Júpiter, o rei do universo, e Juno, a rainha dos céus. Todos haviam sido convidados para a grande festa no Olimpo. Na entrada do palácio, era feita a conferência dos convidados, com identificação de cada um dos que chegavam. Quando avisado da ausência de Quelone, Mercúrio, o deus dos pés ligeiros, apressou as sandálias aladas e foi ao encontro da ninfa, temendo que, se Juno descobrisse sua ausência, matasse-a. Quelone não sentia vontade de fazer nada e, embora houvesse cogitado algumas vezes ir ao casamento, desistiu todas elas ao se lembrar da trabalheira que daria se arrumar de maneira adequada e se deslocar até o Olimpo. Quando Mercúrio a encontrou, Quelone estava descansando. A ninfa deu algumas desculpas, até que, convencida, resolveu acompanhar Mercúrio. No entanto, Quelone insistia em atrasar a chegada dos dois. Temendo a reação de Juno caso notasse a sua ausência, Mercúrio resolveu ir à frente. Sozinha, Quelone sentou na estrada do arco-íris e adormeceu. Somente no dia seguinte, quando os convidados voltavam das bodas, Quelone se deu conta de que não havia conseguido ir à festa. Levantou-se assustada. Ensaiou algumas desculpas, mas resolveu voltar pra casa. Quando chegou, Mercúrio já a esperava.  Sem paciência para explicações, o deus pegou a ninfa pelos pés e a jogou dentro de um lago e, em seguida, lançou também sua casa. Foi o castigo de Quelone.  Agora, a ninfa tinha quatro patas e seu rosto havia ficado enrugado. Sua casa se transformou em uma carapaça, que era carregada em suas costas. E Quelone nunca havia sido tão lenta quanto agora! Havia sido transformada em uma tartaruga.

Figura 2. Trachemys sp. Fotografia de Daniel Passos.

Figura 2. Trachemys sp. Fotografia de Daniel Passos.

Figura 3. Jabuti. Fotografia de Luan Pinheiro.

Figura 3. Jabuti. Fotografia de Luan Pinheiro.

E assim a mitologia Greco-romana nos conta a história de Quelone, a ninfa preguiçosa que foi transformada em tartaruga. Como sabemos, o grupo dos quelônios abriga não somente as tartarugas (Figura 1), mas também os cágados e os jabutis (Figuras 2 e 3, respectivamente) (Leia mais em: Existe diferença entre tartaruga, cágado e jabuti?), que, como narra a mitologia, são largamente conhecidos pelo seu lento modo de locomoção. No entanto, embora sejam mais lentos que muitos outros animais (há registros de cágados movimentando-se a 0,27km/h), nem sempre os quelônios imprimem velocidades de deslocamento tão baixas. Para as tartarugas, por exemplo, há relatos de deslocamentos em velocidade de até 35km/h.

Por: Laís Feitosa Machado, colaboradora do Projeto NUROF-UFC nas Nuvens

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FRANCHINI, A.S.; SEGANFREDO, C. 2012. As melhores histórias da mitologia – Deuses, heróis, monstros e guerras da tradição Greco-romana. Volume 1. Porto Alegre: L&PM POCKET, 320p. McFARLAN, D. 1991. Guinness Book of Records 1992. New York: Facts on File, 320p.

POUGH, H. F.; JANIS, C. M.; HEISER, J. B. 2008. A vida dos vertebrados. 4ª ed. São Paulo: Atheneu, 684p.

REES, A.F.; JONY, M.; MARGARITOULIS, D.; GODLEY, B.J. 2008. Satellite tracking of a Green Turtle, Chelonia mydas, from Syria further highlights importance of North Africa for Mediterranean turtles. Zoology in the Middle East, p.49-54.